A Netflix apresenta “The Hunting Wives”, uma série que mistura luxo, escândalos e mistério, trazendo Malin Akerman e Brittany Snow em papéis marcantes. O seriado, inspirado no livro de May Cobb e adaptado por Rebecca Cutter, aposta em cenas provocantes e reviravoltas ousadas, priorizando o entretenimento acima de narrativas profundas ou grandes reflexões.
Uma Filosofia de Diversão
Logo nos primeiros episódios, o público percebe que Margo (Malin Akerman) não está interessada em justificativas complexas para suas atitudes. Ao ser questionada por Sophie (Brittany Snow) sobre seus relacionamentos, Margo deixa claro: faz o que faz simplesmente porque acha divertido. Essa mentalidade contagia toda a série, que prefere cenas quentes a roteiros convencionais, apostando em surpresas e situações escandalosas para prender a atenção do espectador.
O Universo das Socialites do Texas
Embora “The Hunting Wives” seja tecnicamente um thriller, seu foco está no universo fechado das socialites do leste do Texas. O ponto de entrada para esse círculo exclusivo é Sophie, uma ex-profissional de relações públicas que se muda de Boston para o Texas acompanhando o marido arquiteto, Graham (Evan Jongkeit). A princípio, Sophie se sente deslocada: não gosta de armas, tem um estilo minimalista e carrega uma ansiedade perceptível.
Mesmo assim, após um encontro inusitado com Margo, Sophie logo se vê inserida em um grupo seleto de mulheres que valorizam festas, armas e um estilo de vida extravagante. Lideradas por Margo, que também é esposa do bilionário Jed (Dermot Mulroney), essas mulheres deixam claro que não têm interesse em carreiras tradicionais, afirmando com ironia: “Trabalhar? Nós não trabalhamos. Somos esposas!”
Um Mistério Envolvente e Muitas Camadas
A série explora o fascínio das narrativas que unem riqueza e crime, renovando a fórmula consagrada por sucessos como “Desperate Housewives”, “Big Little Lies” e “The White Lotus”. Mas aqui, o grande diferencial está no choque cultural entre diferentes estilos de vida americanos, um tema explorado tanto nas relações pessoais quanto nos conflitos sociais apresentados ao longo da trama.
Quando Sophie e Graham chegam ao Texas por causa do novo emprego dele, ela se vê isolada. Ex-assessora de imprensa e atuante em campanhas democratas no Nordeste dos EUA, Sophie agora é uma mãe dedicada que evita álcool e dirigir após um trauma recente. Suas novas colegas são mães conservadoras, frequentadoras de megaigrejas, com as quais pouco tem em comum — exceto com Margo Banks, esposa do novo chefe de Graham.
Diferenças Ideológicas em Foco
O roteiro não hesita em mostrar as divergências ideológicas entre Sophie e as demais mulheres. As personagens de “The Hunting Wives” defendem, sem pudor, posições como o direito irrestrito ao porte de armas, além de serem contrárias ao aborto e à imigração. Tais posturas se tornam um ponto de tensão constante, deixando claro que as diferenças não são apenas de aparência, mas também de valores fundamentais.
Conflitos, Segredos e Uma Trama Viciante
A narrativa da série utiliza o mistério de uma morte súbita para fisgar o público desde o início, mas o verdadeiro charme está na dinâmica entre as personagens e nas escolhas controversas que fazem parte de seus cotidianos. Margo, apesar de viver um casamento com um “bom moço” texano que sonha até em ser governador, é mais aberta e livre do que aparenta. Ela mesma afirma: “Casamentos abertos são coisa de liberais. Jed e eu temos nosso próprio acordo.”
Assim, “The Hunting Wives” constrói uma história em que o suspense policial se mistura à crítica social, com toques de humor ácido e situações inusitadas, garantindo uma maratona envolvente para quem gosta de dramas intensos e pouco convencionais.