“Ebony & Ivory”: Filme mais insano do ano zomba de Paul McCartney e Stevie Wonder

Uma dupla improvável em uma realidade paralela

“Ebony & Ivory”, nova comédia dirigida por Jim Hosking — conhecido por “The Greasy Strangler” — chega aos cinemas no dia 8 de agosto prometendo chocar e desconcertar o público. O filme gira em torno de um encontro fictício entre Paul McCartney (interpretado por Sky Elobar) e Stevie Wonder (vivido por Gil Gex) em 1981, na remota região de Mull of Kintyre, na Escócia. Lá, os dois estariam colaborando em uma nova canção.

Mas qualquer semelhança com a realidade termina aí. Elobar e Gex não se parecem nem remotamente com os ícones da música que interpretam. Ambos cantam mal, não demonstram nenhuma química musical e a trama ignora completamente os eventos reais que inspiraram o título. A música “Ebony and Ivory” — sucesso da dupla original — sequer é tocada. Por questões legais, os nomes completos de McCartney e Wonder nunca são pronunciados no longa. Em vez de piano, o público verá ovelhas, frituras e genitais falsos balançando ao vento.

Humor grotesco e ultrajante

O filme mergulha no absurdo mais extremo, firmando-se como uma sátira surrealista que não tem medo de ser rejeitada. Hosking cria um universo onde o desconforto e o grotesco predominam, apostando em um estilo que muitos considerarão repulsivo. “Ebony & Ivory” não é uma comédia tradicional — é ruidosa, repetitiva e deliberadamente imatura.

A narrativa flerta com o que se poderia chamar de anti-comédia. Em vez de provocar risos convencionais, ela testa os limites da paciência da audiência. Em vários momentos, o roteiro mais parece um experimento social do que uma peça de entretenimento. Assim como os estudos psicológicos de Stanley Milgram, o filme parece questionar até onde o público está disposto a ir em nome da curiosidade — ou da resistência ao absurdo.

Estilo repetitivo como marca registrada

A marca registrada de Jim Hosking está presente do início ao fim: diálogos absurdos e sem sentido, propositalmente repetidos até o esgotamento. Expressões como “Scottish cottage” são entoadas dezenas de vezes com entonações variadas, criando um efeito que mistura incômodo e estranheza. Esse tipo de humor não busca graça convencional, mas sim provocar, confundir e desconstruir.

Embora o filme se apresente, de forma solta, como uma espécie de cinebiografia musical, a estrutura narrativa não segue nenhuma convenção do gênero. Em vez de explorar a trajetória artística ou o contexto histórico dos personagens, o longa aposta em situações bizarras. Os protagonistas brigam, dançam nus com próteses genitais exageradas e comem refeições vegetarianas — e isso compõe boa parte da “ação”.

Uma experiência exaustiva, mas fiel à sua proposta

“Ebony & Ivory” pode ser descrito como uma experiência cinematográfica cansativa, especialmente para quem não está familiarizado com o estilo de comédia de Hosking. Ainda assim, é difícil negar a coerência estética da obra. Mesmo quando irrita ou esgota, o filme demonstra uma dedicação radical à sua proposta.

Em um mundo onde muitas produções seguem fórmulas previsíveis, Hosking se destaca ao apostar no caos e na provocação. “Ebony & Ivory” não é para todos — e talvez nem deva ser. Mas para quem se interessa por obras que desafiam os limites do cinema e do bom gosto, essa pode ser a viagem mais insana do ano.